Os grandes acontecimentos mundiais sempre influenciaram a moda. O momento atual de Pandemia por Covid-19 não é diferente.
A história nos traz alguns exemplos de comportamentos que, associados com o que se passava pelo mundo, geraram mudanças sociais definitivas e permanentes.
O primeiro exemplo que podemos citar, só para ficar nos mais recentes, foi a 1ª Guerra Mundial. Com a saída dos homens das fábricas e do trabalho nos campos para irem para o front, as mulheres tiveram que, literalmente, ir para as ruas para buscar o sustento familiar e substituir os operários e agricultores. Isso determinou o fim do espartilho e o começo da era da calça comprida, que, no início, era usada com uma saia ou um avental comprido por cima. Um pouco depois dessa fase, as mulheres passaram a usar calças sozinhas, muito por influência da grande inovadora desse período: Coco Chanel.



Chanel entendeu muito rápido a necessidade dos novos tempos e soube adaptar esse desejo para a moda e a mulher que surgia. As roupas passaram a ser práticas, com as linhas das roupas mais simples, o comprimento mais curto e o novo conceito que resumia a mulher moderna e independente.

Depois desse período o grande acontecimento mundial foi a 2ª Guerra Mundial, que fez com que as mulheres mais uma vez saíssem de casa para trabalhar, enquanto seus maridos e pais estavam lutando pelo país. Foram anos difíceis, cheios de restrições e com o final da guerra, um sentimento de felicidade tomou conta de populações inteiras, se refletindo mais uma vez na forma como as mulheres passaram a se vestir. Nesse ponto, o visual rigoroso e sequinho já estava ultrapassado e as mulheres estavam cansadas de tanta austeridade para se vestir.

Em 1947, logo após o término da 2ª Guerra, foi lançado o “New look” ou “Tailleur Bar” de Christian Dior, revolucionário para a época e que trouxe a feminilidade de volta ao guarda-roupa feminino. Com sua saia super rodada, com metros e metros de tecido e sua proposta de um mundo novo de paz, cheio de felicidade, prosperidade e abundância.
Foi quando surgiram as primeiras roupas prontas ou, aqui no Brasil, as “roupas feitas”, peças já produzidas que eram produzidas em massa e compradas para uso imediato. Tudo estava à disposição na loja mais próxima, sem necessidade de idas à costureira e provas cansativas.

Avançando um pouco mais na linha do tempo, chegamos aos rebeldes anos 50 e 60, com a juventude transviada e o primeiro traje rebelde (hoje um clássico da moda jovem): a calça jeans com camiseta branca e jaqueta de couro preta.
Um verdadeiro símbolo dos anos 50 e começo dos anos 60, a calça jeans passa a ser o vínculo da moda com os jovens rebeldes, assim como a motocicleta e os carros em alta velocidade, representados por James Dean e Marlon Brando no cinema.
Eram anos agitados e a sociedade passava por uma revolução de costumes: os jovens começam a ter necessidade de identidade própria e procuram trilhar o seu caminho desvinculado do que desejavam seus pais, considerados pelos seus filhos, repressivos e antiguados.

A música, o cinema, a literatura e as artes em geral seguiram o mesmo caminho e abriram espaço para a outra revolução um pouco mais tarde: os Hippies do final dos nos 60 e década de 70, com suas roupas coloridas, cheias de significado flower power, as franjas e as bocas-de-sino (que hoje chamamos de flare).
Com seu discurso pacifista, os hippies eram contra a guerra do Vietnan e pregavam o amor livre, o uso de drogas para abrir as portas da percepção e se opunham a tudo que não fosse o senso comum; a coletividade . Esse movimento ficou conhecido como “contra-cultura” e influenciou toda uma geração.

Outro grupo que influenciou diretamente a moda dos anos 70/80 foi o movimento Punk inglês, com seus cabelos moicanos e suas roupas predominantemente pretas, com muitas tachas e pregos.
Os Punks, diferente dos Hippies, pregavam a agressividade como forma de expressão e mudança e eram contra qualquer forma de autoritarismo. Sua vestimenta e a música são as principais formas de identificação dessa ideologia.
Vivienne Westwood é a principal estilista desse movimento e suas criações romperam com establishment e continuam atuais 45 anos após o surgimento do movimento PUNK, na Inglaterra em meados dos anos 1970.

Uma coisa é certa, o laboratório da moda é a sociedade. Quanto maiores forem as mudanças no nosso meio social, maior será a transformação da moda.
Após a Pandemia algumas tendências já se mostram promissoras, como a necessidade de cuidar mais do planeta, a possibilidade de termos relações mais próximas, mesmo estamos distantes e outras que ainda vamos descobrir.
Nesse quadro promissor e novo, só o que podemos fazer por enquanto é imaginar qual será esse mundo novo, tendo a mente aberta e uma atitude otimista em relação ao futuro.
O novo cenário da moda nos permitirá ter mais consciência em relação a cadeia produtiva, a origem dos produtos e nos apontará as novas relações entre as marcas e os consumidores.
Mais do que isso, alertará para a responsabilidade de todos (empresas e clientes) com a economia e com a sociedade.
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